quinta-feira, 10 de abril de 2008

WHO'S BAD?!

Chegamos! Dez minutos na porta, tomando umas nem tão geladas. Mas tá valendo, nada iria estragar a noite. Afinal, era o Bad Brains, em apresentação única e inédita em São Paulo. Ou seja, pra marcar com ferro, fogo e fumaça. “Tu chegou pra marcar, tu chegou pra festa”. Os caras da banda estavam logo ali em cima, olhando o movimento e se concentrando com um cigarrinho que passarinho não fuma. O público era uma mistura de jovencitos com uma galera das antigas. Muita gente parece parada no tempo, perdida em algum lugar entre os anos 80 e 90... Preciso ir ao banheiro e saio na frente – “encontro vocês lá dentro”. Entro e sinto o clima. Pelas caixas, só clássicos do HC. Depois do alívio e da fila pra cerva, retomo o contado com a base. Mais um tempinho trocando idéia e nesse meio tempo vemos figuras famosas. Primeiro foi o Califórnia, com aquela cara de mal encarado. Ontem ele tava de bom humor (meio raro). A conversa flui sobre bandas. O Cali é old school, sabe das coisas. De uma hora pra outra ele some, sem deixar vestígios. Depois passam na nossa frente JG (João Gordo) e PG (Pitty Grávida). E olha que eu não reparo muito em celebridades. Mas não tem jeito, onde eles passam as pessoas olham e apontam (eu não, eu só comento com o amigo do lado. Sua mão não lhe ensinou que é feio apontar?). (Ainda segundo fontes confiáveis, Jão e Boca também estavam presentes, saídos diretamente de um ensaio do Ratos). A tensão aumenta. Tá na hora, tá na hora...
Sailing the Seas of Cheese
O show começa! Eu quero ir lá pra frente e esse é o melhor momento para se fazer isso. Estão todos pulando empolgados e você vai criando espaço na marra. Ninguém reclama porque sabem como essas coisas funcionam. Dr. Know nem completou seu segundo acorde e a pista já parece uma praça de guerra. “Give Thanks and Praises to the Looooooord...” A roda é grande e como uma maré enfurecida me leva pra pertinho do palco. De tão perto, dava pra roubar o microfone do vocalista substituto do H.R., Israel Joseph I, que mandou muito e até trocou umas palavras com a platéia (num português arcaico)... O local parece tese de mestrado do curso antropologia da PUC: carecas, rastas, punks e hardcores se trombam na santa paz do senhor. Todos seguem um código velado de bom comportamento. Nada de soco acima do pescoço! O empurra-empurra continua até nas músicas reggae, claro que em menor escala. O único princípio de treta veio quando um sem noção dá um mosh caindo de pé, pisando na cabeça de um maluco grande... Irmão, o mosh (ou stage dive) é uma arte. Você precisa escolher o melhor lugar para pular. Precisa pular de uma maneira própria, meio deitada, pra não machucar os outros (e você próprio). Mas vale a pena passar pelo curso. Aquele meio segundo suspenso no ar, voando, parece uma vida. Sensação de liberdade pura... Mas voltando a treta, graças a Jah não aconteceu nada, a noite era de confraternização. E ficou por isso mesmo... Depois e perder o isqueiro e conseguir acha-lo sem querer no chão de sabão (bizarro), voltamos pro bar. Longe do tumulto, pegamos as últimas brejas, repondo as energias. Mais três músicas e o show acaba. Uma hora e meia de adrenalina. Pra entrar pra história. Voltamos pra casa com a sensação de dever cumprido.

PS: Nada do Caio. Temo que tenha sido recrutado pelo grupo dos carecas. Tentaram comigo (mas eu já tenho religião).

5 comentários:

Daniel Boa Nova disse...

"cigarro que passarinho não fuma" hahahah

Belo post e é tudo verdade.

Gordinho sem noção achando que tava dando bomba na piscina. Até eu quis chutar ele.

Soco acima do pescoço não rolou, pezada sim. Tô com um galo que só eu sei.

Mas ó: podia ter um desses a cada 15 dias que tava lindo.

João Prado disse...

de novo, lamento, perdi!

belo texto!

Luís Pereira disse...

kkkkkkk ... ou, o maluco deu um mosh bomba???

Square Beast disse...

puta Joselito, foi uma mistura de pulo bomba com Bruce Lee (operação dragão), caiu com os dois pés na cabeça do maluko, tipo pisando nele legal...pior que nem se ligou no perigo q tava correndo, sem noção alguma..

Rodrigo disse...

ótima resenha do show hahaha mosh não é pra quem quer, é pra quem sabe. assim como não adianta só entrar num pogo, tem que saber pogar.