terça-feira, 8 de abril de 2008

América Selvagem

Eu não costumo falar de política nesse espaço. Ás vezes entra o assunto religião, mas de forma bem superficial. Light até. Cômica, diriam alguns... Apesar de meu profundo interesse, tais assuntos não são minha “especialidade”. Então, prefiro passar longe... No entanto, a notícia do desmembramento de um rancho de fundamentalistas mórmons no Texas foi a deixa para o post... No último final de semana a polícia texana, graças a denuncia de uma adolescente que sofria abusos do marido (34 anos mais velho), invadiu um rancho no interior do estado onde viviam isolados do mundo integrantes da Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, seita polígama dissidente da Igreja Mórmon. A polícia retirou do local cerca de 400 crianças e 130 mulheres. Para se ter uma vaga idéia, os seguidores da Igreja pregam que o homem deve ter no mínimo três mulheres (com base em interpretações da própria Bíblia). Muitas meninas são forçadas ao matrimônio por meio de casamentos arranjados pelos pais. Algumas possuem (ou são possuídas por) maridos antes mesmo de entrarem na puberdade. A legislação americana considera a poligamia um crime grave. Relações sexuais com menores devem ser tratadas como estupro e pedofilia. Para fugir das garras da polícia, os fiéis costumam se esconder em regiões afastadas da população. Pequenos municípios de estados como o Texas, Utah e a divisa com o Canadá são os locais ideais. Se você nunca tinha ouvido falar nesses absurdos, a história da religião mórmon é extremamente bem documentada no livro Pela Bandeira do Paraíso (Companhia das Letras), escrito pelo jornalista americano Jon Krakauer. O autor parte de um crime especifico, ocorrido em 1984, para traçar um panorama da religião e seu histórico de violência. Quem sou eu para questionar a crença alheia. Cada um segue o Deus que achar melhor (eu mesmo sou devoto do polêmico Deus Quadrado). Só que nesses casos, os acusados tentam se esconder atrás da lei de liberdade religiosa para continuar cometendo crimes hediondos e doentios.
***
Depois da insistência de amigos diversos, revolvi conferir Na Natureza Selvagem (Into The Wild). O filme, dirigido por Sean Penn (que também assina o roteiro), é uma adaptação de um outro livro (homônimo) de Krakauer. A fita é deslumbre visual. Fiquei impressionado com as imagens e a fotografia. A história (real) do aventureiro solitário é empolgante e contestadora. Em alguns momentos a narrativa desacelera um pouco, o que pode cansar alguns. Nada que prejudique o resultado final. Surpresa pra mim, ainda existe vida inteligente no interior americano. Claro que não é religiosa. Os índios foram embora faz tempo.

3 comentários:

Anônimo disse...

E aí Jow!
Te disse que o filme era bom mano!
Esqueceu de falar que a trilha sonora ajuda a aumentar a beleza do filme!
Já viu o trailer de Blindness no blog do jonny?

Abraço!
Gui

Square Beast disse...

Putz Gui, ce tem razão, a música é fodona mesmo..Me lembrou a trilha do filme Os últimos passos de um homem (Dead Man Walking), protagonizado pelo próprio Sean Penn que tinha entre outros duas músicas do Eddie Vedder...

Já tinha visto o trailer do Cegueira, o filme mais aguardado do ano depois do novo Batman (hihi)..

abs

Luís Pereira disse...

Nossa, preciso ver esse filme. O Gui já me falou 300 vezes. Foda essa parada dos Mórmons, hein? Queremos a volta dos pele vermelhas. Ótimo post.