terça-feira, 29 de janeiro de 2008

...it’s evolution, baby!

Ufa(!), acabei de ler 1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer (Editora Sextante). Com quase mil páginas, esse guia/bíblia/enciclopédia traz os principais discos dos últimos 50 anos. A evolução musical do século XX (e início do XXI) é contada do ponto de vista da obra de seus artistas. Cada álbum é apresentado por uma resenha e informações como: ano, selo, produtor, projeto gráfico e duração. Muitos ainda trazem a lista das músicas e, é claro, a capa. Começando com Sinatra (In The Wee Small Hours) e terminando com The Good, The Bad and The Queen (idem), os mil discos são resenhados por 90 críticos musicais das principais publicações especializadas do mundo. A organização fica por conta do jornalista inglês Robert Dimery. Já vou logo avisando que bandas importantes ficaram de fora, tipo: Primus, Rancid, Cro-Mags e Mr. Bungle – pra citar algumas. Lee Perry, mencionado em textos de outros artistas, também é ignorado. Mas, pra falar a verdade, é fácil esquecer as ausências. Até porque, pra quem gosta, tem uma porrada de discos indies, “obscuros” e “cabeças”. Assim como os “clássicos”, os grandes álbuns de rock (e pop), seja lá o que for isso. Confesso pra ti que muita coisa eu nunca tinha nem ouvido falar. Entre as (gratas) surpresas que só fui atrás graças ao livro, destaco os mais contemporâneos The Bees (Sunshine Hit Me), Lupe Fiasco (Food & Liquor) e Ozomatli (Street Signs). A maioria das obras é americana ou inglesa, mas é possível encontrar representantes asiáticos, africanos e brasileiros (Jobim, Chico, Mutantes e Sepultura são alguns dos tupiniquins comentados). A edição, apesar de alguns erros visíveis, é primorosa (e deve ter dado um puta trabalho). O livro, todo recheado com fotos, acaba tornando-se um saboroso prato nas mãos de qualquer pessoa com fome de música. O “problema” é o tamanho do prato... você pode acabar com uma indigestão.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Asfixia

Aposto que você já ouviu falar de Chuck Palahniuk. Não? Nada? Pois bem, ele escreveu Clube da Luta, o livro que deu origem ao filme. Lembrou? Então, Palahniuk lançou outros livros tão impressionantes quanto Clube da Luta, entre eles Choke: A Novel (No Sufoco – Editora Rocco). O livro conta a história de Victor Mancini, um trapaceiro que engasga em bares e restaurantes para aplicar golpes em seus “salvadores”. O autor ainda volta aos grupos de auto-ajuda: Mancini freqüenta encontros de viciados em sexo para “conhecer” e “ajudar” ninfomaníacas. No meio disso tem uma história meio “Código da Vinci”, com um descendente direto de Jesus. Sentiu o drama? Personagens bizarros, situações surreais, trama asfixiante... Bom, tudo isso é pra falar que a adaptação de Choke para as telas do cinema estréia este mês no (já tradicional) Festival de Sundance. Conhecendo a história é possível prever que o filme não terá o mesmo êxito daquele estrelado por Pitt e Norton. Até porque é uma produção independente, sem grandes nomes no elenco. Agora é torcer pra algum distribuidor lança-lo nos cinemas brasileiros, e não direto pro DVD (isso vai depender muito da bilheteria americana). Até lá, é melhor prender a respiração.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Olhos cerrados, boca aberta e sede de vingança.

Acreditem, atualmente a Coréia é um dos países mais empolgantes no mundo do cinema. Depois de Casa Vazia, Oldboy e Primavera, Verão, Outono, Inverno, Primavera, conferi esses dias outros dois representantes do país. Assista sem medo (quer dizer, só com um pouquinho):

O Hospedeiro é muito foda, provavelmente o melhor de 2007 (que só assisti em 2008). Não se deixe enganar pelo gênero “filme de criatura”. Mistura de Little Miss Sunshine com Godzilla, conta a história de uma família disfuncional em jornada épica para matar um monstro que aparece no Rio Hun. Raspando a superfície é possível encontrar crítica social mesclada com drama psicológico. Cavando mais fundo acha-se um tratado sobre a ocidentalização da Coréia. Fotografia impecável; narrativa ousada e chocante; efeitos especiais pseudotoscos; muito humor (bem cinza, né?). Tudo isso numa fita de monstro! É, os tempos mudaram... (Aposto contigo que Cloverfield não terá um quinto da qualidade desse).

A vingança é um prato pra ser comido frio, certo? Bom, pelo menos em Mr. Vingança, obra que abre a trilogia do diretor Chan-wook Park (Oldboy, Lady Vingança). Esse é o mais doente dos três filmes, indicando o caminho que seria seguido nos posteriores: histórias sobre vingança que refletem sobre a própria noção desse sentimento (por favor, sem comparações com Kill Bill). A trilogia é costurada pela tônica dominante da violência explícita, satisfação pessoal sobre a coletiva, drama familiar e, claro, sede de vingança. Tudo embalsamado por uma beleza lírica advinda dos personagens, situações, fotografia e direção.

Ambos os filmes utilizam-se da linguagem cinematográfica norte-americana para criticar os Estados Unidos e o mundo ocidental em geral (entra aí: capitalismo, trabalho, sexo, Estado, comida, exército, família, etc) – bem como a sociedade mutante da Coréia capitalista... Olhos cerrados pro cinema coreano, novas surpresas podem aparecer.

dica besta: todos os filmes citados no post (menos Cloverfield, que ainda não assisti) são bons e merecem uma locação, inclusive Godzilla (os originais, não a versão hollywood).

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

OBLITERATION OF MANKIND/ UNDER A PALE GRAY SKY/ WE SHALL ARISE...

Quem lembra? Esse deve ter sido o segundo disco que comprei na vida. Uma das melhores capas da história, o recheio tão bom quanto... E acabava assim:
I am the one, Orgasmatron, the outstretched grasping hand!
My image is of agony, my servants rape the land!
Obsequious and arrogant - clandestine and vain!
Two thousand years of misery... of torture, in my name!
Hipocrisy made paramount, paranoia the law!
My name is called religion - sadistic, sacred whore!

I twist the truth, I rule the world, my crown is called deceit!
I am the emperor of lies - you grovel at my feet!
I rob you and I slaughter you! Your downfall is my gain!
And still you play the sycophant... and revel in my pain!
And all my promise are lies... all my love is hate!
I am the politician - and I decide your fate!

I march before a martyred world - an army for the fight.
I speak of great heroic days - of victory and might!
I hold a banner drenched in blood! I urge you to be brave!
I lead you to your destiny - I lead you to your grave!
Your bones will build my palaces - your eyes will stud mycrown!For I am Mars, the God of War, and I will cut you down!
(Motorhead)

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

O Evangelho segundo o Círculo (cap. 7: Ascensão e queda das Três Formas Originais)

Esse post é livremente inspirado em textos apócrifos encontrados em escavações feitas na Baía de Sidra, no fim do século XVI. As idéias expostas aqui não representam a filosofia quadrada e foram banidas pelas diretrizes da igreja:

No início, havia o nada. O caos condensado na ponta de um cristal perfeito. Então, suspirando, Deus fez a luz – dourada, ofuscante e eterna. A luz beijou a face do cristal materializando três crianças, cada uma representando um elemento primordial da natureza. Eram o Quadrado, o Triângulo e o Círculo. Deus educou e cuidou dos meninos, e por muito tempo todos conviveram pacificamente.
Um dia, porém, os três saíram para passear. Flutuavam juntos, criando novas formas inesperadas. Aos poucos moldaram os planetas, as galáxias e as constelações. No final, voltaram para casa exaustos. Intrigado, Deus saiu e olhou para aquela imensidão majestosa... ficou maravilhado. Voltou e perguntou quem era o responsável por aquilo. Com medo de uma possível reação negativa, Quadrado e Triângulo ficaram quietos. Também temeroso, Círculo assumiu a culpa esperando um castigo. A reação de Deus foi oposta da imaginada. A partir daquele momento Círculo era o filho preferido de Deus.
Mesmo depois de Círculo contar a verdade (dando o devido crédito aos três), sempre ganhava mais presentes e carinhos que os outros. Essa situação acabou gerando o que ficou conhecido como “o ódio dos renegados”. Quadrado, o mais ressentido, planejou matar o irmão, arremessando-o dentro de um buraco negro. Deus descobriu seu plano e expulsou-o do universo. Antes de ir embora, porém, Quadrado matou Deus asfixiado, expulsou Círculo de seu novo reino e fez chantagens emocionais com Triângulo. Este último não agüentou as tiranias do irmão e fugiu sem rumo, vagando pelo tempo-espaço.

Círculo fundou um monastério nos limites do universo e desde então leva uma vida de orações e desapego, pregando as bases da filosofia das Três Formas Originais.
Quadrado tornou-se Deus maior, gerente-geral do universo. Inventou sua própria religião, negando a existência dos irmãos, e hoje é adorado por quase dois terços da população celestial.
Triângulo nunca mais foi visto. Lendas antigas dizem...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

A culpa é do Johnny...ou Meu nome não é Fidel!

Dois filmes quadradinhos em cartaz nos cinemas

Em Meu Nome não é Johnny, Selton Mello prova mais uma vez porque é um dos melhores atores brasileiros da atualidade. Sozinho, ele vale a entrada. Infelizmente, não está sozinho. Cléo Pires até tenta, mas não consegue acompanha-lo. O elenco de apoio faz um trabalho burocrático (salvo alguns bons coadjuvantes). A direção, insegura, desequilibra o ritmo frenético da primeira metade do filme. A segunda parte anda devagar, preparando o terreno para o sentimentalismo do final. Mais do mesmo, ao quadrado.
Apesar da força do argumento adaptado, alguns detalhes ficam suspensos no ar (sem explicação convincente). A fotografia traz a pergunta: porque será que todas as produções Globo Filmes tem a mesma cara? O tratamento seria o mesmo? Pelo menos fugiu do estilo (já saturado) de saturação.
No final fica a impressão de um filme mediano. Principalmente comparado aquele outro. Mas sem comparações, por favor. Cada caso é um caso. E nesse caso (como no outro) a discussão é relevante. A qualidade cinematográfica, discutível.

A Culpa é do Fidel!, uma comédia com traços dramáticos, fala das dificuldades de adaptação de uma menina de 9 anos depois que os pais tornam-se comunistas no início dos anos 70. A produção, franco-italiana, coloca em xeque os valores tanto da burguesia quanto da esquerda francesa.
O elenco infantil impressiona. A atriz principal mostra o pulso de uma veterana. Bem como a diretora estreante, Julie Gavras, filha do cineasta Costa-Gavras. Este fato torna o filme ainda mais interessante. Parece até que ela está exorcizando seus próprios demônios da juventude. Seria o velho Gavras era um barbudo vermelho? Então, isso não importa...O importante: essa(s) menina(s) promete(m).

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Se os boatos se confirmarem...

teremos Rage Against the Machine no Brasil, ainda no primeiro semestre de 2008, em festival juntamente com Cypress Hill e Deftones. Essas duas últimas assisti em diferentes ocasiões no final dos 90. Rage ao vivo, no entanto, seria a realização de um sonho antigo, ver um dos maiores shows da história do rock. Fico na torcida, fazendo figa. Só espero que não seja especulação infundada, do tipo Pink Floyd, Michael Jackson e Madonna em turnê conjunta por sete capitais do país durante o verão tropical... Acende uma vela você também.