sexta-feira, 28 de março de 2008

DOROBÔ

(sem título) - Atsuo

Pra fechar o "especial artes plásticas" aqui no blog, a minha dica para esse final de semana é a exposição Japan Pop Show, que acontece na galeria Choque Cultural até o dia 30 de abril. Embarcando na onda de comemorações do centenário da imigração japonesa, a exposição acaba por contextualizar as semelhanças e diferenças entre as culturas urbanas de Brasil e Japão. A abordagem dos 12 artistas (japoneses e nisseis brazucas) ratifica as influências mais óbvias (mangá, animês, skate, street art, pop, publicidade, etc) deixando, contudo, o devido espaço para interpretações únicas (e lúdicas). A metamorfose da cultura de massa em visões peculiares e transgressoras faz bem pra nossa alma consumista desgastada. E esse é o grande trunfo da curadoria. A pluralidade de estilos demonstra a força criativa advinda das ruas. E o diálogo cultural promove a troca universal. Com isso, sempre sai alguém ganhando. Nesse caso fomos nós. 100 anos atrás – ou agorinha mesmo.

Os artistas: Yumi (também curadora), Titi Freak (também curador), Whip, Kansuke, Taniguchi, Atsuo, JPS-Dise, Casper, Gachaco, Depaster, Spancall e Buia.

JAPAN POP SHOW (até 30 de abril)
Choque Cultural
Rua João Moura, 997
Vila Madalena/ São Paulo
Horário ?/? (pode ir a tarde, depois da Benedito)

quinta-feira, 27 de março de 2008

Mais um da série: Artistas Alteradores de Estado.


M.C. Escher (1898–1972), artista holandês dono de uma habilidade fora da lógica para conceber mosaicos e estruturas arquitetônicas fantásticas. Suas litografias e xilogravuras foram fortemente influenciadas pela arte islâmica encontrada nas mesquitas. Entre as obras famosas: o auto-retrato pela perspectiva do cristal e Relativity (1953) – ambas você já deve ter visto por aí. Não vou ficar aqui falando o quanto o cara é foda porque não precisa. Não achei o nome da obra acima. Mas coloquei assim mesmo. Se alguém souber...

terça-feira, 25 de março de 2008

Nada daquilo

Não sou aquilo.

Aquilo o quê?

Nada daquilo.

Sim, mas nada daquilo o quê?

Daquilo nada sou eu.

Aquilo não sou eu?

Também.

Não sou aquilo?

Nada é aquilo.

Eu não sou.

Tudo aquilo

Eu sou aquilo.

Aquilo o quê?

Tudo aquilo.

Sim, mas aquilo o quê?

Aquilo tudo sou eu.

Aquilo sou eu?

Também.

Eu sou aquilo?

Tudo é aquilo.

Eu sou.

segunda-feira, 24 de março de 2008

PALAVRAS DE PODER

Por meu amigo Bob Black.

Advogados? Bocas ligadas a sistemas de sustentação da vida.
Arte? Um substituto cada vez mais inadequado para o sexo.
Banco de Sangue? Existe algum outro tipo?
A “Cena”? Aprenda a ser diferente como todos os outros.
Cinismo? Há muito tempo ultrapassado pelos fatos.
Civilização? A doença de pele da biosfera.
Cristãos Renascidos? Não deveriam nem ter nascido.
A Crucificação? Foi pouco e veio tarde.
A Direita? Torta.
Doença? Algo muito perigoso: uma das principais causas da existência de médicos.
Eleições? A mongocracia em ação.
A Esquerda? Um zero à esquerda.
A Família? Abaixo a bomba familiar!
Fé? É fatal – vade-retro, Deus!
Feminismo? Igualdade com os homens: uma ambição patética.
Gays? Judeus? Elites posando de oprimidas.
Governos? Armas não matam, políticos matam.
Guerra de classes? A guerra para acabar com todas as guerras.
Gurus? Um bom mantra é difícil de achar.
Hippies? Running out of gas.
Juízes? Déspotas encarquilhados vestidos de palhaços.
Lazer? Pagar e brincar excluem-se mutuamente.
Lei? Crime sem castigo.
Liberais? Conservadores com sentimento de culpa.
Liberdade sem Libertinagem? Toda a liberdade que o dinheiro pode comprar.
Lugares Punks? Barzinhos chiques sem luxo.
Marxismo? Estágio mais elevado do capitalismo.
Masoquismo? Igual a levar serviço pra casa.
Místicos? Têm vislumbres incomunicáveis e não conseguem parar de falar deles.
Música Disco? O baralho continua.
Necrofilia? Uma doença social.
Niilistas? Indo para além do bem e do mal, pararam na metade do caminho.
Pedagogicídio? Um crime sem vítimas.
Pleno Emprego? Uma ameaça, não uma promessa.
Polícia? Terroristas com as credenciais certas.
Política? Como um brejo – tudo que é sujo acaba subindo.
Prazer? Interlúdio que acentua a dor.
Preconceito? Sociologia popular.
Professores? Reprovados.
Propriedade? É furto – e furtar é apropriado.
Punks? Hippies com amnésia.
Punques? Punks que cursaram a escola de arte.
Relacionamento? Ficar sozinhos juntos.
Religião? Deificar seus defeitos.
O Rock? Tem um grande futuro por trás.
Serviço Militar? Conheça o abatedouro.
Sionismo? Nazismo judeu.
Socialistas? Cordeiros em pele de lobo.
Tédio? Obrigatório para sofisticados.
Tempo Livre? Trabalho pelo qual o chefe não te paga.
Terapia? Castigo sem crime.
Trotskismo? Stalinismo fora do poder.
Utopia? Nostalgia do futuro.
Vegetarianos? Você é o que come.
Vida Após a Morte? Por que esperar?

segunda-feira, 17 de março de 2008

Versão pro cinema (?!) Herbert Richards

A bruxa está solta no mundo quadriculado. A notícia de duas adaptações para o cinema do clássico dos quadrinhos e da animação japonesa Akira (Katsuhiro Otomo) deixou a besta ouriçada. A Warner Bros e Leonardo Di Caprio estão por trás do projeto. Di Caprio será o produtor. Ele manda avisar que o roteiro está fiel ao mangá, por isso a necessidade de dois longas (pra caber as mais de mil páginas da história).
Só esclarecendo umas coisinhas: as “adaptações” serão versões em live-action. Ou seja, com atores reais (nada em animação). A trama muda geograficamente, de Neo-Tóquio para Neo-New(?) York. O ator americano, queridinho do público feminino, também viverá nas telas o protagonista Kaneda (que na verdade não vai mais chamar Kaneda, deram um nome americano pra ele).Vai vendo. Já tão mudando tudo! Vai ser fiel ou não?! Caramba...
Quem já leu "a obra" (que saiu por aqui na década de 90) sabe: o negócio é embaçado. Trata-se de um épico futurista, cheio de sub-plots e personagens secundários (ainda importantes). Tanto que o animê de 1988 (marco indiscutível do gênero, influenciando gente até hoje) não consegue se aprofundar muito, concentrando-se na primeira parte do enredo.
Fica difícil calcular os resultados da empreitada. Imagina-se ser tarefa árdua. Mas uma coisa é certeza: não terá o impacto dos originais.
Ah, a propósito. Para comemorar os 20 anos do lançamento, sai esse ano no Brasil uma caixa especial da animação. Essa será a primeira edição de Akira no país no formato DVD. Antes, só em cassete. Demoro, né?!

sexta-feira, 14 de março de 2008

Mary Jow!

As séries norte-americanas ainda vão dominar o planeta. Sério. Atualmente todo mundo assiste pelo menos um seriado nos canais pagos da televisão ou baixa-os na internet. Hoje você vai à padaria e duas meninas estão conversando sobre Betty, a Feia (a versão ianque, claro). Depois na acadêmica ouve alguma coisa sobre Prison Break. Na festa em família um grupinho analisa com empenho os últimos episódios da franquia C.S.I. (sei lá o que). Na viagem com os amigos, todos querem a nova temporada de Lost. Isso sem falar em 24 Horas, Heroes, Dexter, Law & Order, House, Gossip Girls, Nip/Tuck, e por aí vai (infinitamente). Pois bem, das séries americanas que estão passando no Brasil, nenhuma é tão atual, polêmica e provocadora quanto Weeds. Na trama, Mary-Louise Parker vive Nancy, uma dona de casa, mãe de dois filhos, que começa a vender maconha depois da morte do marido para sustentar a família e seu estilo de vida. Eu não vou entrar em detalhes sobre a trama pra não estragar as surpresas de quem nunca assistiu. Só adianto que, ao contrário do que o nome possa sugerir, a maconha não é a principal estrela do programa. Na verdade, a criadora (Jenji Kohan) está mais interessada em mostrar o universo social dos subúrbios californianos. A abertura do programa e a música são claras o suficiente para deixarem dúvidas (Little boxes on the hillside/ Little boxes made of ticky-tacky...). A família de Nancy vive em um condomínio-modelo chamado Agrestic, e a trama se desenrola a partir dessa perspectiva. Na carcaça exterior são todos iguais. Principalmente na arquitetura de suas casas, carros, roupas e costumes. Ao longo dos episódios, pela lente de aumento da narrativa, vemos suas diferenças (histórias de vida, linguagens, vícios e virtudes). A protagonista é a verdadeira estrela da séria (interpretação sensacional de Parker). Mesmo com aquela carinha de anjo ela sempre consegue se meter nos piores apuros, esquivando-se (ou não) de policiais, traficantes, vizinhos, filhos e toda gente doida que cruza seu caminho. O resto do elenco também é rápido no gatilho - principalmente a trambiqueira-alcoólatra Célia (a “diva” Elizabeth Perkins). O humor é sarcástico e crítico. Por vezes pesado. Mas depois de três temporadas, a série ainda apresenta possibilidades interessantes para desenvolvimentos futuros (e possíveis desfechos a curto prazo). E você sabe bem como costuma terminar histórias desse tipo...
Pick, pack/Fire up, come along/ And take a hit from the bong...”

terça-feira, 11 de março de 2008

DESCONSTRUINDO MARJANE


Persépolis é um desses filmes que tem tudo para se tornar cult. Daqui alguns anos não serão muitas as pessoas que lembrarão dele, mas quem lembrar (com certeza) será com carinho. Ouso dizer: esse já nasceu clássico!... Subvertendo os clichês norte-americanos do gênero, a animação utiliza técnicas 2D e é quase toda em preto e branco. Adaptada dos quadrinhos autobiográficos de Marjane Satrapi, a história narra a infância e juventude da autora em Teerã – acompanhada pelas mudanças políticas e sociais do Irã. Com a intensificação da guerra contra o Iraque, a família de Marjane decide manda-la pra Europa. A partir daí instara-se um paradoxo na protagonista: a sensação permanente de se sentir estrangeira, mesmo depois de retornar à terra natal. A agilidade da narrativa salta aos olhos logo nas primeiras cenas (com passagens engenhosas). A direção de arte (em animação?) é maravilhosa e cheia de significados ocultos. A edição destila sagacidade, mantendo o ritmo acelerado, sem deixar pontas soltas. Apesar de algumas diferenças dos quadrinhos, a versão cinematográfica é a mais fiel possível, mantendo o clima sóbrio (com algumas interjeições cômicas hilárias)...Talvez o ocidente esteja cansado dos relatos de mulheres exploradas pelos países islâmicos. Talvez por isso o filme não tenha feito muito barulho fora da França – onde gerou polêmica com o governo iraniano durante sua estréia. Talvez esse seja o motivo da premiação de melhor direção em Cannes no ano passado. Pouco importa os bastidores. O que fica é a obra. E essa passará bem pelo teste da ampulheta e da ferrugem.


Nota: Persépolis era a antiga capital do Império Persa.

terça-feira, 4 de março de 2008

Look out kid

O cara é uma lenda da música pop, influenciando Deus e mundo nos últimos 40 anos. O ingresso de seu show em São Paulo é o mais caro da turnê (talvez a última da carreira). Se alguém aí encarar a facada depois me fala como foi. Enquanto isso fique aqui com sua música proto-Beck (fase Loser):

Johnny's in the basement/ Mixing up the medicine/ I'm on the pavement/ Thinking about the government/ The man in the trench coat/ Badge out, laid off/ Says he's got a bad cough/ Wants to get it paid off/ Look out kid/ It's somethin' you did/ God (Jah) knows when/ But you're doin' it again/ You better duck down the alley way/ Lookin' for a new friend/ The man in the coon-skin cap/ In the big pen/ Wants eleven dollar bills/ You only got ten.

Maggie comes fleet foot/ Face full of black soot/ Talkin' that the heat put/ Plants in the bed but/ The phone's tapped anyway/ Maggie says that many say/ They must bust in early May/ Orders from the D. A./ Look out kid/ Don't matter what you did/ Walk on your tip toes/ Don't try "No Doz"/ Better stay away from those/ That carry around a fire hose/ Keep a clean nose/ Watch the plain clothes/ You don't need a weather man/To know which way the wind blows.

Get sick, get well/ Hang around a ink well/ Ring bell, hard to tell/ If anything is goin' to sell/ Try hard, get barred/ Get back, write braille/ Get jailed, jump bail/ Join the army, if you fail/ Look out kid/ You're gonna get hit/ But users, cheaters/ Six-time losers/ Hang around the theaters/ Girl by the whirlpool/ Lookin' for a new fool/ Don't follow leaders/ Watch the parkin' meters.

Ah get born, keep warm/ Short pants, romance, learn to dance/ Get dressed, get blessed/ Try to be a success/ Please her, please him, buy gifts/ Don't steal, don't lift/ Twenty years of schoolin'/ And they put you on the day shift/ Look out kid/ They keep it all hid/ Better jump down a manhole/ Light yourself a candle/ Don't wear sandals/ Try to avoid the scandals/ Don't wanna be a bum/ You better chew gum/ The pump don't work/ 'Cause the vandals took the handles.
(Bob Dylan)

segunda-feira, 3 de março de 2008

E...

na última sexta-feira, no Studio SP, a banda Turbo Trio provou mais uma vez porque é incensada pela crítica, por públicos diversos e por qualquer besta quadrada perdida na balada. Um dos melhores shows brasileiros da atualidade (Rio 50 graus/quem não agüenta passa mal).
Kraftwerk X Bambaataa X 2 live X Baile Funk X Ragga X Daft Punk = Três turbinas a jato + terromoto sonoro.

E...
ontem eu passei perto do chiqueiro na saída do Iron Maiden.
Minhas impressões gerais:

A mulecada parecia bem feliz.
Média de idade: 16 anos.
Aposto que era o primeiro show de muitos ali (ah não, antes teve o Evanescence).
A polícia tava em cima dos metaleiros, enquadrando geral.
Tinha gente sem camisa, sem tênis, sem fígado, sem ouvido, sem noção e sem cérebro.