quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Ode ao Tiroteio

Um dos meus grandes amigos, também conhecido como senhor Prado, anunciou hoje em seu blog que em breve deve encerrar as atividades e cessar-fogo, em função de outros projetos. Nada contra ele correr atrás das paradas dele, mas por favor não pára de escrever em seu espaço tão contundente. O tiroteio já me salvou em vários momentos, como uma rajada de balas incandescentes. Por isso eu digo que fique. Vida longa ao Tiroteio! ... Ah, por conta dessa história toda, acabei lembrando de um poema do inigualável Glauco Mattoso. O rapper pode até estar do lado de cá, mas essas palavras tem muito a ver contigo, mané.

Soneto ao Rapper:

De cor, mulato, pardo, negro, preto.
O branco é simplesmente branco, e só.
Você quer mais respeito, não quer dó.
Quer ser um cidadão, não quer o gueto.

No sul, no Pelourinho, no Soweto,
lutando contra o falso status quo
da máscara, a gravata e o paletó:
A letra é mais comprida que um soneto.

Seu canto já foi blues, quase balada;
Foi soul, foi funk e reggae; agora é bala
perdida em tiroteio de emboscada

Xerife do xadrez, você não cala:
leva a periferia pra parada,
de sola entra no som da minha sala.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Guess who’s coming to dinner?

A Besta voltou! E com uma bagagem cultural pesada. É clichê, mas é verdade: a Europa é o berço da civilização ocidental. Foi lá que Miles Davis pela primeira vez provou o gostinho do reconhecimento. O mesmo aconteceu com Jimi Hendrix, e outros tantos. Não à toa que o velho continente produziu tanto nos últimos séculos.

Logo na chegada, no aeroporto de Lisboa, um emocionado aperto de mão num simpático Herbie Hancock. Para contar pros meus netos. Isso porque eu vinha falando nele nas semanas anteriores. (Ah, em Barcelona ainda ia rolar o reencontro histórico de Chick Corea e John McLaughlin. Desde Bitches Brew os dois não tocavam juntos. Pena que tivemos de seguir o rumo. Torcer pra esse show passar no Brasil).

Ao longo da trip foram muitos museus: renascimento, gaudiísmo, futurismo, surrealismo, cubismo, vangoghísmo, expressionismo, abstratismo, modernismo... O que você pensar a Europa oferece à preços convidativos, pelo menos para os europeus. Acesso direto à matriz.

E é assim mesmo como lhe contaram: tudo muito lindo, limpo, simples e seguro. As coisas funcionam, os policiais são educados, as criancinhas falam francês, as pessoas pedem licença, os gatos ficam parados nas vitrines e as bicicletas de Amsterdam são decoradas com flores, no melhor estilo dutch de se viver.

A única coisa ruim foi o frio, justamente na Holanda. Ainda bem que existem os aquecedores internos. Mas haja saco para colocar todas as roupas da mala e depois ter que tirar no primeiro bar, pra depois colocar tudo de novo.

Voltar e rever os amigos é a parte fácil, o difícil é trabalhar pra pagar o cartão de crédito.
Ps: Agradecimentos especiais à Mari e ao Carlinhos, que mostraram do que a verdadeira Barcelona é feita. Sem palavras para descrever minha gratidão.