terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Sobre meninos e lobos

Minhas desculpas aos poucos leitores fiéis. Essa pausa carnaval/ressaca acabou estendendo-se.

Onde estávamos mesmo? Ah sim, a 50ª edição do Grammy, o “Oscar da música”. A premiação tem o objetivo de destacar os melhores lançamentos da indústria musical, americana e mundial. Os jurados são produtores, empresários, músicos e “gente do meio” – que (teoricamente) entende e vive música 24 horas. Aos moldes do Oscar (com um pouco mais de dinamismo) a cerimônia de premiação costuma ser chata e sonolenta, arrastando-se por horas na madrugada. As apresentações ao vivo são o ponto alto e também o ponto baixo do evento. No geral, todo ano é bem parecido. Aquela sensação de já vi isso em algum lugar.

Amy Winehouse papou os prêmios principais (incluindo Canção do Ano/Rehab). No total cinco gramofones pra ela. Todos merecidos, diga-se de passagem. Kanye West, indicado a oito prêmios, levou quatro (ainda fez um dos melhores shows da noite parceria com o Daft Punk+ homenagem à mãe). Herbie Hancock, correndo por fora, abocanhou o Melhor Disco do Ano.

Mas quer saber? O mais legal é a premiação de discos e gravações de gêneros. Nesse ano estavam disputadas as categorias melhor disco de reggae, dance, rock, rap e música alternativa. Nem sempre vence o melhor. Mas só de estar entre os indicados já é bastante. Sinônimo de qualidade? Não é pra tanto. Lembre-se, ainda estamos atrelados/atolados com a indústria. Ainda assim, nessa sua “edição especial” (como nos últimos anos) o Grammy revela-se ao mesmo tempo maduro e aberto a novas tendências. Essa renovação faz parte de uma mudança no cenário geral, onde a industria é a principal afetada. Novas mídias fabricam novas estrelas em velocidades cada vez maiores. Meninos tornam-se lobos e devoram os irmãos ainda filhotes. Ou acorda ou a maré leva.

O Oscar possui uma linha de raciocínio parecida com seu primo musical. É um prêmio feito pela indústria, para a indústria. E esse ano promete. A greve dos roteiristas tornou a coisa ainda mais charmosa. Velhos lobos do cinema alternativo concorrem aos prêmios de direção, roteiro e melhor filme junto com novatos. A tendência atual é a pulverização entre diversos ganhadores. Os ventos da mudança também sopram nos arredores dos estúdios de cinema. Pode esperar, vai ter pra todo mundo. E não vai sobrar quase nada pra ninguém.

Um comentário:

João Prado disse...

brindemos a ela... com vinho, vagabundo, é claro!