sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A Geração Atari

Quando os produtores de cinema de Hollywood forem adaptar “Necromancer” – clássico da ficção científica e bíblia do cyberpunk – eles precisarão contratar para a trilha sonora o produtor alemão Jan Gleichmar (A.K.A. Disrupt), um dos fundadores do selo Jahtari.

A idéia por trás da Jahtari é simples: misturar música jamaicana com a cultura dos games. Pode até parecer brincadeira de criança, mas o negócio é sério. Envolve artistas do mundo inteiro, todos interligados por uma rede invisível de fios e idéias. Algo bem parecido com o futuro relatado no romance.

O apanhado de diferentes produtores trabalhando sob a sombra de uma causa comum faz da Jahtari um dos pólos musicais mais interessantes da atualidade. Fato que pode ser comprovado escutando qualquer um dos inúmeros lançamentos virtuais e físicos (EPs, mixtapes, coletâneas, discos e vinis).

Mas verdade seja dita: essa história de misturar dub com vídeo game não vem de hoje. Um dos grandes expoentes do gênero, o produtor jamaicano Scientist (discípulo de King Tubby), já tinha chamuscado alguns beats de jogos eletrônicos nos idos dos 80, em álbuns como Scientist Meets the Space Invaders e Scientist Encounters Pac-Man.

Disrupt & Cia sabem da dívida com o cientista e também com professor maluco. Ambos foram os primeiros a ousarem ir além dentro de um gênero que começava a dar sinais de estagnação. Porém, os artistas da Geração Atari não procuram simplesmente emular o som desses grandes mestres. Ao contrário, preferem seguir caminhos alternativos ao incorporar influências atuais, vindas de gêneros como a eletrônica, o hip-hop e o próprio dubstep (esse último como uma rua de mão dupla).

Chegaremos em 2010 com o dub revitalizado e mais relevante do que nunca. Parece que a ficção cientifica pode se tornar um documentário.