segunda-feira, 30 de junho de 2008

What a wonderful (new) world

Wall-E, a nova animação da parceria Pixar/Disney, é uma pequena obra-prima da ficção científica. Logo no início, temos a estranha sensação que alguma coisa muito séria aconteceu, e os resultados foram catastróficos. (Nesse cenário, a própria humanidade perdeu o controle, e a quantidade de lixo acabou tornando a Terra um lugar impróprio para a vida biológica. A população do planeta embarcou numa nave espacial, que fica à deriva, esperando uma solução para o problema). Aos poucos, o sol nasce e as ruas surgem desertas. A idéia (plausível) da asfixia pelo lixo é representada pela paisagem árida e apocalíptica. O único sinal de vida é emanado por um pequeno robô, ziguezagueando pelas montanhas de sujeira. O último lixeiro robótico. E é justamente nesse simpático personagem que o enredo concentra sua força (e guarda seus maiores trunfos). O protagonista, de olhar triste e solitário, apresenta-se como uma espécie de Charles Chaplin futurista – visão esta reafirmada pela paixão platônica que “Wally” nutri pela personagem Eva, típica do cinema mudo.
O oitavo longa da Pixar é, provavelmente, o mais ousado de todos. E também o menos infantil. Afinal, a história é um tanto espinhosa, com poucos diálogos e muita expressão facial (de um sujeito que não tem uma face propriamente dita. É como tirar leite de pedra, mas eventualmente eles acabam conseguindo). As críticas a sociedade atual pipocam em diferentes momentos. Pra ajudar na verossimilhança o estúdio contratou como consultor visual, Roger Deakins, premiado diretor de fotografia (Onde os Fracos Não Têm Vez). Outro destaque é a “voz” do protagonista, criada pela lenda do som Ben Burtt (da saga Stars Wars). As óbvias referências ao universo sci fi são inúmeras e, por vezes, hilárias. Nem mesmo o clichê do final feliz tira o fôlego e a relevância da animação.
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Quem for ao cinema ainda será agraciado com a exibição do curta-metragem Presto, sobre um mágico, sua cartola e um coelho vingativo. Pra chorar de rir.

Um comentário:

Luís Pereira disse...

Wall-E é sem dúvida a mais engajada animação da Pixar. O curta do mágico antes do filme é incrível e Eva é claramente um Macintosh. Ponto positivo para Pixar/Disney.