terça-feira, 11 de dezembro de 2007

It was forty years ago today...

Pegando carona nas comemorações dos 40 anos de lançamento de um dos maiores discos da música, a Editora Conrad publica Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, um ano na vida dos Beatles e amigos. Escrito pelo inglês Clinton Heylin, o livro conta histórias das gravações e contextualiza o mais famoso e polêmico álbum dos FabFour.

Lançado durante o “verão do amor”, em 1º de Junho de 1967, o Sargento Pimenta e o Clube dos Corações Solitários redefiniu não só o papel dos Beatles na época, como também o papel da indústria fonográfica e a maneira como são produzidos e consumidos os álbuns de Rock. Até hoje é cultuado por muitos como “o álbum definitivo de todos os tempos”. Ao mesmo tempo é odiado por outros tantos por conter “tudo de ruim daquela época de exageros”.

Iconoclasta, o autor não poupa nada nem ninguém. Mostra um Lennon depressivo, distante e passivo. Um Harrison indiferente e com pouca afinidade com os colegas. O Ringo, como era de se esperar, não fede nem cheira. McCartney é o único que se salva. Aparece inspirado e de bem com a vida durante as gravações. Foi ele quem soube segurar a onda dos outros integrantes e compôs o disco praticamente sozinho. Não fosse por Macca provavelmente a banda teria implodido bem antes.

Com erudição acadêmica e pesquisa contextual digna de um historiador, Heylin pode ser considerado um dos melhores críticos/biógrafos musicais da atualidade. O autor – amparado por fotos, matérias de jornais, entrevistas, discos e compactos –sintetiza toda uma cena musical, artística, cultural, política e social. Para isso cita outras bandas inglesas da época, como: Rolling Stones, Pink Floyd (ainda com Syd Barret), The Who, Jimi Hendrix Experience (dois terços inglesa), The Move, The Kinks, etc. Ah, o outro lado do Atlântico também é retratado, embora um pouco superficialmente. Da Terra do Tio Sam aparecem o “mui amigo” Bob Dylan e o frito/paranóico Brian Wilson... No final o autor ainda faz uma seleção de discos e compactos para servir de trilha sonora para cada capítulo.

Durante a leitura voltei ao disco e fiquei dividido. Musicalmente não é a melhor das obras dos garotos de Liverpool. Hoje, muitos fãs fazem mais reverência a Revolver, Abbey Road, White Álbum (né hombre?) e Rubber Soul do que ao Sargento. Mas é claro que Pepper possui seus clássicos: a faixa-título, Lucy in the Sky, Getting Better, A Day in the Life. Por outro lado tem grandes bobagens, como Fixing A Hole e a tediosa Within You Without You. Mesmo assim o grande mérito do disco é possuir uma aura inerente de ser uma espécie de síntese da época de ouro da psicodelia inglesa (e mundial)... No final de 67 ainda seriam lançados Piper at the Gates of Dawn e Axis: Bold as Love. Mas a história da música também se encarregou de coloca-los em um lugar de destaque. Ainda bem! Pimenta nos olhos dos outros é refresco.

Um comentário:

Luís Pereira disse...

St Pepper é um disco foda. Mas o white album, para mim, com certeza é a masterpiece. Entretanto, quero muito ler esse livro. Seu texto me instigou. Abraços