sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Enigmas Geométricos

Idealizada pelos integrantes da Hurtmold, a gravadora independente Submarine Records acaba de colocar na praça dois enigmas pra fazer muito dono de gravadora ficar com dor de cabeça. Confira:

Situada na linha de frente da vanguarda musical brasileira, a banda paulista Hurtmold lança seu quarto disco em 9 anos de carreira. Sucessor do inspirado Mestro, o auto-intitulado Hurtmold representa uma virada na trajetória na banda. O disco (primeiro da carreira totalmente instrumental) começa soturno e preguiçoso, com uma percussão seca e levada de acordes maliciosos. Ao longo da faixa (e do álbum) os músicos seguem tecendo uma extensa gama de referências inusitadas: do regional brasileiro ao oriental universal, do rock ao jazz. Ambientes distorcidos, sons experimentais, instrumentos variados, melodias precisas, quebras de ritmo, mudanças de andamento... Nada difícil de escutar. Tudo coeso, lúdico até. Quem pensa que gêneros como free jazz, post-rock ou math rock são muito cabeça, inacessíveis ou mesmo quadrados pode surpreender-se. Halijascar, a última faixa, parece pequena com seus nove minutos (é sério!). Livre de rótulos jornalísticos, o Hurtmold (disco e banda) provam que a boa música é feita com paixão, transpiração e camaradagem.

Em outra praia está o trio de Chicago The Eternals. Juntas as bandas lançaram um cd split em 2003. Apesar da origem comum no post-rock ambas nunca nadaram em águas tão distintas. The Eternals também dá um “três meia” na carreira e lança um álbum ...dub. Na verdade não tem só dub, mas basicamente. Baixo e batera no primeiro plano. Melódica em algumas músicas. Sintetizadores e efeitos eletrônicos na gravação/mixagem. Ou seja, a cartilha básica do bom dub. Heavy Internacional é um disco internacional. Entenda, não estou falando de world music. Nesse mundinho quadriculado, interligado e digitalizado em que vivemos hoje, “...heavy international, the situation”. Pode parecer um conceito estranho, mas não é. As músicas falam das dificuldades e alegrias de viver nas grandes cidades. E hoje mais da metade da população mundial vive em metrópoles. Sacou? Internacional(mente) pesado! The mix is so bizarre abre o disco com força, numa mistura de metais com batida ragga/rock/hip-hop. Astra 3B aprofunda-se no clima esfumaçado com muitos efeitos. Remove Ya tem um tecladinho em loop totalmente hipnotizante e refrão com grunhido de leão. M.O.A.B., a derradeira do disco, é perfeita pro relax e fecha o esquema com chave de ouro. Soma-se a tudo isso o vocal leve e monocromático de Damon Locks (e suas letras politizadas/geométricas). Ecos do passado ainda podem ser ouvidos em algumas faixas, contudo, o trio usa sua formação musical em post-rock a serviço de um mestrado do dub. Será que o resultado pode ser chamado de post-dub? Bom, quem sou eu pra falar isso? Longe de mim. Mas tem horas que parece o Mad Professor ao quadrado. Ou seja, louco pra porra (como a sociedade hoje). Ainda assim alegre e esperançoso.

Um comentário:

Felipe Mortara disse...

Bom blog, bons posts. Continua aí!
aparece aqui. Abraço,
felipe
http://www.saudadedeamanha.blogspot.com/